- Os títulos de securitização transformam ativos ilíquidos em valores mobiliários negociáveis, permitindo que as empresas acessem capital e diversifiquem seu financiamento.
- Os ativos são transferidos para um fundo que emite títulos em diferentes tranches, ajustadas ao risco e ao apetite dos investidores.
- A FlexFunds transforma ativos em ETP, agilizando a distribuição e reduzindo pela metade o tempo de lançamento.
Diante das urgentes necessidades de financiamento global empresarial e da incerteza sobre o futuro da política monetária em economias como a dos EUA, os títulos de securitização surgem como um instrumento que oferece alternativas para que as empresas acessem capital e os mercados financeiros.
Em termos simples, a securitização é um instrumento financeiro por meio do qual é possível converter uma série de ativos normalmente ilíquidos, como hipotecas, empréstimos de diferentes tipos e contas a receber, em valores mobiliários negociáveis para obter financiamento.
O processo começa com a transferência dos ativos ilíquidos para um Fundo de Securitização, que é configurado como um patrimônio separado. Esse fundo financia a compra emitindo títulos em tranches e com diferentes níveis de risco, de acordo com o apetite dos investidores.
Os tranches dos títulos de securitização concedem diferentes graus de preferência nos recebimentos, sendo o menos arriscado o primeiro, com direito a obter a receita gerada pelos ativos subjacentes. Geralmente, considera-se o tranche junior, o intermediário e o senior, que oferecem maior rentabilidade de acordo com seu nível de risco.
Precisamente, um artigo assinado por analistas do BID Invest¹ destaca que “as estruturas de securitização se adaptam amplamente às características dos ativos subjacentes e às necessidades específicas dos investidores com diferentes apetites de risco-retorno”.
-A securitização não apenas amplia as opções de financiamento para as empresas, mas também permite que os investidores acessem instrumentos com retornos atrativos e diversificação de risco.
Os investidores, por sua vez, adquirem esses títulos de securitização, proporcionando liquidez ao fundo para pagar a entidade originadora. Enquanto isso, os pagamentos dos devedores servem para reembolsar capital e juros aos investidores, de acordo com informações da entidade espanhola de serviços financeiros Beka Finance².
O programa de securitização de ativos da FlexFunds, por exemplo, permite que gestores e assessores financeiros transformem diversas classes de ativos, tanto líquidos quanto alternativos, em produtos listados em bolsa (ETP). Esse mecanismo não apenas amplia a gama de produtos disponíveis para os investidores, mas também facilita sua distribuição na banca privada internacional, reduzindo pela metade os tempos de lançamento no mercado em comparação com outras alternativas.
Em um contexto em que a securitização ganha cada vez mais relevância como alternativa de financiamento e otimização de investimentos, soluções como as da FlexFunds representam uma opção para facilitar a liquidez, melhorar a distribuição e permitir a internacionalização de ativos nos mercados financeiros.
Os tipos de títulos de securitização e suas características
Os títulos de securitização são tão diversos quanto os tipos de ativos passíveis de serem convertidos e reempacotados sob esse instrumento.
Entre os mais populares, destacam-se:
- Títulos lastreados em hipotecas (MBS): são títulos negociados nos mercados de capitais que são garantidos por um portfólio de empréstimos hipotecários, seja de propriedades residenciais (Residential Mortgage Backed Securities) ou comerciais (Commercial Mortgage Backed Securities).
- ABS (Asset Backed Securities): são títulos geralmente garantidos por dívidas, ativos geradores de receita e outros tipos de direitos de cobrança que não incluem hipotecas. Nessa categoria, incluem-se, por exemplo, empréstimos a empresas, veículos e estudantes; direitos de cobrança de cartões de crédito; e outros tipos de faturas.
A gestora de fundos BlackRock indica que os ativos securitizados possuem baixa correlação com outros setores de renda fixa³ devido à sua taxa de juros flutuante, o que reduz sua sensibilidade às mudanças nas taxas. Além disso, geram receitas estáveis à medida que são amortizados progressivamente, oferecendo fluxos de caixa e liquidez constantes. Também proporcionam retornos atrativos em comparação com outros ativos de classificação semelhante.
Por outro lado, considera-se que os ativos securitizados possuem uma estrutura complexa, razão pela qual costumam estar focados em investidores mais especializados. Além disso, esses ativos estão sujeitos a uma série de riscos, incluindo flutuações de mercado, possível baixa qualidade dos ativos subjacentes e inadimplência, resume a Beka Finance.
O papel dos títulos de securitização no financiamento empresarial
Em um cenário ainda marcado por taxas de juros elevadas, empresas de todos os portes enfrentam um aumento nos custos financeiros, pressionando especialmente as pequenas e médias empresas, que enfrentam desafios adicionais para acessar crédito.
Dados da Corporação Financeira Internacional (CFI)⁴ indicam que 40% das micro, pequenas e médias empresas (MPME) formais nos países em desenvolvimento possuem uma necessidade de financiamento não atendida de US$ 5,2 trilhões anuais.
Segundo essa entidade do Banco Mundial, o Leste Asiático e o Pacífico concentram 46% da lacuna financeira global, seguidos pela América Latina e Caribe com 23% e pela Europa e Ásia Central com 15%.
-Em um ambiente de juros elevados, os títulos de securitização oferecem às empresas uma alternativa eficiente para acessar capital sem depender exclusivamente do crédito bancário.
Por enquanto, as principais dúvidas sobre o financiamento global giram em torno da direção da política monetária dos Estados Unidos. O Federal Reserve (Fed) interrompeu em 29 de janeiro o ciclo de juros baixos, mantendo as taxas no intervalo atual de 4,25% a 4,5%.
As taxas de juros podem permanecer elevadas por mais tempo em meio ao fortalecimento do dólar e às pressões inflacionárias antecipadas devido às políticas implementadas pela nova administração dos EUA.
Juros mais altos resultam em um custo de endividamento elevado por mais tempo, impactando diversos setores produtivos e levando os bancos centrais de países emergentes da América Latina a manter cautela em relação à sua própria política monetária.
Nesse contexto, a securitização de títulos surge como uma alternativa para os emissores, ajudando-os a diversificar sua base de investidores e fontes de financiamento, ao mesmo tempo em que lhes abre uma janela para o mercado de capitais.
-Ao transformar ativos ilíquidos em valores mobiliários negociáveis, a securitização impulsiona a liquidez do mercado e facilita a internacionalização dos investimentos.
Do lado dos investidores e gestores de ativos, a adoção desses instrumentos reflete-se na diversificação do risco e na composição de suas carteiras, permitindo exposição a diferentes tipos de ativos e países.
Em países emergentes de regiões como a América Latina, a securitização pode se tornar uma alternativa para melhorar a disponibilidade de crédito por parte das instituições financeiras, bem como um caminho para o desenvolvimento do mercado de capitais e ampliação das opções de financiamento para as PMEs em um contexto de encarecimento do crédito, segundo o BID Invest.
Em conclusão, os títulos de securitização emergem como uma ferramenta fundamental em um ambiente financeiro global desafiador, permitindo que as empresas acessem capital e diversifiquem suas fontes de financiamento enquanto otimizam sua estrutura financeira. A FlexFunds desempenha um papel crucial nesse processo, facilitando a securitização de ativos por meio da emissão de produtos listados em bolsa (ETP), permitindo que gestores de ativos transformem diversos ativos em instrumentos negociáveis, melhorem a distribuição e reduzam o tempo de lançamento no mercado.
Fontes:
1https://idbinvest.org/en/blog/author/jose-ramon-tora
2https://www.bekafinance.com/learning/alternativas-financiacion-titulizacion
3https://www.blackrock.com/institutions/en-us/insights/the-case-for-securitized-assets
4https://www.worldbank.org/en/topic/smefinance