- A Inteligência Artificial (IA) está transformando a gestão de instrumentos financeiros e ampliando as oportunidades de investimento, apoiando a tomada de decisões estratégicas, segundo a FlexFunds.
- Essas tecnologias permitem que os gestores de ativos sejam mais eficientes e cumpram as regulamentações, facilitando a hiperpersonalização dos veículos financeiros e a diversificação de carteiras.
- Também estão impulsionando a distribuição e o crescimento de produtos de investimento, embora ainda seja necessária a supervisão humana nesse processo.
- Com o apoio da tecnologia, a FlexFunds facilita a criação e distribuição global de produtos financeiros, estruturando veículos de investimento independentes através de um programa de securitização de ativos.
A irrupção global da inteligência artificial está tendo impactos diretos no mundo financeiro, contribuindo para a gestão de diferentes instrumentos e ativos, identificação de oportunidades para criação de valor e fornecendo maior suporte para a tomada de decisões estratégicas. A FlexFunds explica os principais pontos da adoção dessas tecnologias na gestão de ativos.
Nos últimos anos, a competição no universo da gestão de ativos intensificou-se devido a tendências na indústria que apontam para uma hiperpersonalização dos veículos financeiros e carteiras mais diversificadas, enquanto soluções tecnológicas como a IA permitem que os asset managers sejam mais eficientes e cumpram as diversas regulamentações.
A consultoria Deloitte explica em um relatório, intitulado How technology empowers success in the alternative assets market, que as pressões regulatórias impulsionam a adoção da automação diante da demanda por processos robustos que reduzam erros humanos. Segundo essa análise, publicada em parceria com AlterDomus, a automação torna-se essencial para gerenciar riscos e garantir conformidade, evitando assim o aumento dos custos operacionais1.
Além disso, ativos líquidos e instrumentos alternativos estão se beneficiando dessas ferramentas ao estruturar portfólios para otimizar o desempenho em opções como ações, títulos, fundos de investimento e outras alternativas de valores mobiliários.
Conceitos como negociação algorítmica, uma modalidade de operação no mercado financeiro baseada em automação, ou o robo-advising, que oferece consultoria em soluções de investimento por meio de ferramentas digitais, ganham cada vez mais destaque neste cenário.
Nesse contexto, as soluções tecnológicas também contribuem para a distribuição e o crescimento de produtos de investimento para os gestores de ativos, embora a atividade ainda exija uma supervisão humana significativa, explica a FlexFunds, um dos principais provedores de serviços para a administração de ativos titulados.
Em sua plataforma, a FlexFunds oferece soluções a gestores de fundos por meio da estruturação de veículos de investimento independentes, permitindo a gestão de estratégias e a distribuição global para investidores não-americanos. Através de um programa de securitização de ativos, a FlexFunds cria produtos listados em bolsa (ETP) que facilitam a distribuição global.
A FlexFunds utiliza tecnologias avançadas para estruturar veículos de investimento independentes, permitindo uma distribuição global eficaz de produtos financeiros. Em sua visão, a IA poderá ser um fator decisivo para o cenário da gestão e estruturação de instrumentos de investimento nos próximos anos.
De acordo com os analistas da FlexFunds, graças ao gerenciamento de grandes volumes de dados e sua subsequente análise, ferramentas como a inteligência artificial permitem hoje identificar oportunidades de criação de valor nas transações de ativos. Investimentos líquidos e alternativos estão se beneficiando da aplicação da inteligência artificial em diversos campos, não apenas na identificação de oportunidades potenciais, mas também na gestão de risco e personalização de instrumentos financeiros.
Segundo a Global Manager Survey 2024 da Mercer Investments2, 91% dos gestores de ativos utilizam atualmente (54%) ou pretendem utilizar (37%) IA em sua estratégia de investimento ou na análise de classes de ativos. “Em termos de classe de ativos, o consenso é mais claro quanto à oportunidade de criação de valor impulsionada pela IA em ações, fundos de hedge e ativos digitais“, aponta o documento.
Em meio ao “boom” global da IA e sua adoção na indústria financeira, essas tecnologias podem gerar eficiência, gerir riscos e melhorar a tomada de decisões dos gestores de ativos, segundo um relatório da BlackRock. Essas soluções tecnológicas podem contribuir de maneira pontual em termos de experiência do usuário, eficiência operacional e processos de investimento, conforme o documento intitulado Artificial intelligence and machine learning in asset management3.
Por um lado, essas soluções permitem adaptar melhor os produtos financeiros às necessidades dos clientes com base no perfil de risco e no horizonte de investimento. Ao mesmo tempo, melhoram a qualidade dos dados sobre os instrumentos financeiros sob a responsabilidade dos gestores de ativos, utilizando técnicas de aprendizado de máquina.
Quanto aos processos de investimento, essas ferramentas contribuem para a tomada de decisões por meio da identificação de padrões e perspectivas. Por exemplo, no caso de um instrumento como um ETF (fundo negociado em bolsa), os modelos de IA podem ajudar a decidir como ponderar as alocações dentro de um determinado índice, facilitando sua gestão e permitindo uma réplica mais precisa.
A IA facilita o crescimento e distribuição de produtos de investimento, embora ainda exija uma supervisão humana significativa para evitar erros sistêmicos.
A corrida da IA no setor financeiro global
A consultoria International Data Corporation (IDC) estima que os gastos globais em soluções de IA cresçam para mais de US$ 500 bilhões até 202744, à medida que organizações de vários setores se beneficiam da adoção de produtos e serviços aprimorados por essas tecnologias.
O setor financeiro pode ser um dos mais beneficiados por essa onda de inteligência artificial, já que, apesar dos desafios, poderá experimentar ganhos na detecção de fraudes e na previsão financeira, com até 40% das empresas de serviços financeiros “dependendo principalmente do aprendizado de máquina para ambos os casos de uso”, segundo um relatório da S&P Global Market Intelligence TMT5.
As projeções da S&P indicam que, em primeira instância, as soluções de IA generativa contribuirão para aumentar as capacidades de resposta humana por meio da implementação de chatbots ou assistentes virtuais. Em outra dimensão, a apropriação correta dessas ferramentas e o uso extensivo dos grandes volumes de dados que elas gerenciam resultarão na criação de produtos e serviços hiperpersonalizados, enquanto as instituições avançam em sua modernização tecnológica em outras áreas.
As tecnologias emergentes permitem maior eficiência na personalização de produtos financeiros e na diversificação de carteiras, ajudando os gestores de ativos a cumprirem as regulamentações.
De qualquer forma, um dos principais benefícios é que a IA generativa, capaz de criar conteúdo original a partir de dados existentes, poderia agregar até US$ 340 bilhões anuais em valor ao setor bancário global, resultando, entre outros fatores, em maior produtividade, segundo números do McKinsey Global Institute (MGI)6. A criação de valor na indústria poderia equivaler a entre 2,8% e 4,7% da receita total do setor.
A empresa de tecnologia IBM aponta que os usos atuais da inteligência artificial em finanças7 incluem desde atendimento ao cliente, prevenção de ciberataques, planejamento financeiro, detecção e prevenção de fraudes, até elegibilidade de empréstimos e comércio.
O sucesso da IA na gestão de ativos
Um relatório da CFA Institute Research Foundation8, intitulado “Artificial intelligence in asset management“, conclui que o sucesso da IA na gestão de ativos baseia-se principalmente em sua capacidade de detectar padrões complexos em dados de alta dimensão que os humanos não poderiam perceber, melhorando a precisão das previsões.
Em segundo lugar, refere-se à capacidade dessas soluções tecnológicas de processar grandes volumes de dados não estruturados, como artigos e relatórios, sem a necessidade de intervenção manual, o que, por fim, enriquece a análise financeira.
E em terceiro lugar, a CFA menciona a qualidade dessa tecnologia de autoaperfeiçoamento, ajustando-se automaticamente com base nos dados, eliminando a necessidade de reconfigurações manuais comuns em métodos tradicionais. No entanto, sua capacidade de processar dados sem supervisão pode ser uma fraqueza se a qualidade dos dados for baixa ou se a tarefa for muito complexa, o que pode gerar erros sistêmicos, adverte a entidade.
Dado o importante papel da gestão humana nessa atividade, a CFA considera que o sucesso da IA, por ora, está centrado na “capacidade de resolver problemas de otimização de carteiras com condições específicas até sistemas de negociação algorítmica totalmente automatizados”.
Em conclusão, a FlexFunds destaca que, embora a IA apresente desafios, sua capacidade de processar grandes volumes de dados e melhorar continuamente seu desempenho está redefinindo a maneira como os gestores de ativos estruturam e distribuem seus produtos financeiros em um mercado global cada vez mais competitivo. Nesse cenário, as ferramentas de inteligência artificial e outras tecnologias estão promovendo maior eficiência, diversificação e personalização nas decisões de investimento, além de potencializar a tomada de decisões estratégicas.
Fontes:
1 https://www.deloitte.com/lu/en/Industries/investment-management/perspectives/technology-empowers-success-in-the-alternative-assets-market.html
2 https://www.mercer.com/assets/global/en/shared-assets/global/attachments/pdf-2024-Mercer-AI-integration-in-investment-management-2024-global-manager-survey-report-03212024.pdf
3 https://www.blackrock.com/corporate/literature/whitepaper/viewpoint-artificial-intelligence-machine-learning-asset-management-october-2019.pdf
4https://www.idc.com/getdoc.jsp?containerId=prUS51335823
5https://www.spglobal.com/en/research-insights/special-reports/ai-in-banking-ai-will-be-an-incremental-game-changer
6 https://www.mckinsey.com/industries/financial-services/our-insights/scaling-gen-ai-in-banking-choosing-the-best-operating-model
7 https://www.ibm.com/topics/artificial-intelligence-finance
8https://www.cfainstitute.org/-/media/documents/book/rf-lit-review/2020/rflr-artificial-intelligence-in-asset-management.ashx